25 março 2008

Alcova Literária

Um casal de escritores. Uma cama. Nenhuma roupa.

Ele: - E agora?

Ela: - Não sei. Quer transar?

Ele: - Não. Transar é muito prosaico, muito mundano. Estava pensando em algo mais, não sei...

Ela: - Literário?

Ele: - Isso! Quero beber letras fluindo da tua boca. Quero ver suas metáforas, mesóclises, paródias, metonímias, parasíntetos...

Ela: - Se quiser eu posso fazer um soneto.

Ele: - Livre-me de sua métrica! De onde você tirou que poesia caberia numa cama? Esta é a suprema contradição. Não estamos nos masturbando.

Ela: - Não fale por mim. Não crie recordatórios alheios. Recordatórios são pretéritos, uma fotografia em sépia manchada.

Ele: - Bela analogia.

Ela: - Obrigado. Mas mudemos o tempo verbal. Não falemos do que faremos, mas façamos o que falamos.

Ele: - Não. Saímos do prosaico e entramos no intelectualóide. Sem escalas ou mesmo partituras.

Ela: - E daí?

Ele: - E daí que pensar muito me brocha. Boa noite.

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