21 novembro 2007

Auto-entrevista comigo mesmo

Quando terminei de escrever O Legado de Bathory comecei a longa peregrinação atrás de uma editora. Eu já tinha experiência anterior no assunto, visto que havia sido sumariamente recusado por diversas editoras quando tentei publicar um outro romance (mais sobre ele, espero, em breve). Sabia que não adiantava nada tentar novamente pelos caminhos tradicionais. Eu já não era mais um autor inédito, tinha um certo currículo a valorizar. Eu já não era um famigerado "novo autor" mendigando atenção.

Mas eu também sabia que eu não era TÃO conhecido como gostaria. Precisava mostrar aos editores quem eu era, e que estava nessa a sério. Como fazer isso?

Simples. Caprichei na carta de apresentação.

Fica aqui uma dica aos autores que estão batalhando uma publicação: caprichem MESMO na carta de apresentação. Esqueçam os templates morféticos do Word. Esqueçam cartas formais. Sejam criativos. É a hora de chamar a atenção, de se diferenciar na pilha. No meu caso fiz um folder, com se fosse uma revista, com capa, matéria a respeito do livro, introdução histórica (veja post abaixo) e, claro, uma entrevista com o autor. Deu certo. Sendo assim transcrevo essa "entrevista" apenas como título de curiosidade.


De onde surgiu a inspiração para o livro?
Alexandre Heredia: Durante a pesquisa para outro livro, me deparei por acaso com a história da Condessa Sanguinária, e posso dizer que foi um caso de fascinação à primeira vista. Passei mais de dois anos compilando tudo o que era possível a seu respeito, até que me deparei com um dilema: como recontar sua história de uma maneira completamente original e mesmo assim ser fiel aos fatos? Pois há dezenas de livros biográficos lançados, e eu não queria partir para o mesmo caminho. Foi aí que surgiu a idéia de utilizar o material que pesquisei como um artifício literário em uma história completamente independente.

E por que ambientar a história em 1938? Há alguma relação deste ano específico na história da condessa?
AH:
Com certeza! Foi nesta época que os primeiros livros a seu respeito foram lançados, principalmente na Hungria e Tchecoslováquia. Mesmo assim, isso nem precisaria ser algo decisivo na escolha, podendo a história se passar até mesmo em tempos atuais. Mas assim que comecei a rascunhar a trama, percebi que, caso se passasse nos dias atuais, muito do charme da história se diluiria em uma pesquisa fria e impessoal, com acesso a informações online ao invés de obrigar os personagens a irem atrás de seus objetivos pessoalmente. Além disso, aquela época foi conhecida pela explosão de expedições arqueológicas, muitas delas as mais importantes da história recente, e eu queria transmitir esse tipo de sensação, como numa viagem no tempo, na qual as pessoas precisavam realmente colocar a mão na massa e sujar o avental caso quisessem algum resultado. É, em última análise, quase uma homenagem aos caçadores de tesouros que desenterraram muitos dos artefatos arqueológicos que hoje vemos nos museus pelo mundo. Além disso, o fato de aquela região ser praticamente uma panela de pressão política naquela época, com os primeiros avanços de Hitler e crises internas que dividiam a população entre o medo e o apoio à onda nazista, ajudou a dar mais um grau de dramaticidade à história.

Qual foi seu objetivo ao escrever o livro?
AH: Meu real objetivo ao escrever foi reacender o debate, já que a Condessa Bathory vem se transformando cada vez mais em uma figura quase mística, cercada de crendices e conceitos falaciosos que, graças à internet, proliferaram-se e tomaram proporções quase épicas. Não há realmente provas de que a Condessa cometeu ou não as atrocidades pelas quais é responsabilizada. Cabe ao leitor tomar sua decisão. Eu apenas forneço os argumentos.

Sua trama termina com um gancho bastante claro. É sua intenção escrever uma continuação?
AH: Quem sabe? (risos).

(Não se esqueceram, né? O lançamento é AMANHÃ, lá no Santa Zoé, a partir das 20hs. Conto com a presença de todos por lá!)

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