26 março 2007

Sou mais um Amor Expresso do que uma Inveja Inexprimível

Então, todo mundo já falou um monte a respeito da tal viagem que a Companhia das Letras e a RT Features estão promovendo para alguns poucos escritores escolhidos a dedo, intitulada Amores Expressos, não falou? Bom, acho que chegou a minha vez de tirar o dedo no nariz e enfiá-lo de uma vez neste assunto.

(Se não sabe sobre o que é que eu estou falando ignore o resto da mensagem ou vá se informar por aí. Isso aqui não é blogue jornalístico!)

Para falar a verdade eu não ia nem comentar nada. Cheguei a um ponto da vida que prefiro escolher as controvérsias das quais participo, selecionando apenas aquelas onde poderei lucrar de alguma forma ou comer alguém caso dê minha opinião. Não é o caso, mas como disse o Santiago Nazarian, "... se eu não falasse ia parecer que sinto uma enorme inveja, elegantemente sufocada". Então só para não ficar sem expressar minha opinião (e minha inveja), segue a transcrição de um email a respeito do assunto que mandei para a lista dos escritores do Novas Visões de São Paulo:

"Na boa gente, esse assunto está dando pano pra manga em tudo quanto é espaço literário na internet e fora dela.

Bobagem. Inveja pura.

O esquema desta viagem é que a escolha foi feita com um único parâmetro: É amigo dos organizadores (Rodrigo Teixeira e João Paulo Cuenca)? Então vai. E não sou eu quem diz isso, é o próprio Cuenca: “Os critérios de seleção foram de afinidade literária, interesse editorial e química com as cidades de destino”, disse ele em entrevista à Folha.

Este é um parâmetro injusto? Claro que não, porra! É um parâmetro como qualquer outro, mas que sempre parecerá injusto aos não escolhidos. Foi um parâmetro como este que, por exemplo, gerou este nosso espaço aqui (citando o Novas Visões). Se o Richard ainda não está cagando dinheiro para nos enviar pelo mundo para escrever é um mero detalhe! Aposto que se pudesse ele o faria sem problemas!

Iniciativas como esta, independentemente da origem do dinheiro (desde que lícita) devem ser incentivadas, e não enxovalhadas como se fosse um bando de desocupados mamando nas tetas do governo. Prefiro desperdiçar o dinheiro público tentando uma produção cultural do que vê-lo sendo desviado por aí. Discordo com o Gian que disse que isso não acontece na Gringolândia. Acontece sim, e pra caralho! Os estadunidenses tem uma política de incentivo à produção cultural e científica. Se você apresentar um projeto coerente eles liberam a grana sem muitas perguntas. E não exigem retorno! Claro que tem projetos que morrem na praia, que apenas desperdiçam tempo e dinheiro, mas não podemos mensurar o sucesso de um empreitada pelos seus fracassos! Se, digamos, 20% dos projetos financiados com dinheiro público virarem coisas sérias já estamos no lucro!

Acho engraçado que todo mundo reclama que somos abandonados por tudo e por todos, que o governo não ajuda, que as editoras não valorizam a prata da casa, essas coisas, e quando surge uma iniciativa como estas todo mundo desce a lenha sem dó nem piedade. Parece que todo mundo vira altruísta quando é deixado de lado.

Sendo assim desejo muita sorte aos escolhidos, e que obras primas nasçam destas viagens. Levem na bagagem a inveja de milhares de escritores (a minha inclusive!), e despejem-na em palavras sobre o teclado. Esqueçam essas bobagens de controvérsias hipócritas e pseudo-moralistas e criem! Criem muito. E se não criarem, tudo bem! Valeu a tentativa.

Quanto a mim, só me resta torcer para que algum dia algum amigo meu tenha uma idéia boa como essa e me enfie na treta. Sabe o que vou fazer? Dar uma bela banana para todos os invejosos e vou escrever!

Abração a todos,
Alexandre, meu pirão primeiro"

PS1: Para ler a opinião revoltada de Joca Reiners Terron (um dos escolhidos), aperte o rato aqui em cima.

PS2: Para ler a resposta elegante de João Paulo, o Cuenca, aperta o camundongo aqui.

PS3: Pára de reclamar, senta a bunda na cadeira e escreve, pombas!

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