21 março 2007

Luluzinhas Literárias

Não lembro exatamente onde eu li isso então não me arrisco a chutar, mas há por aí uma certa informação de uma polarização vinculada ao sexo em alguns estilos literários. E neste estudo constatou-se que no campo da ficção o predomínio de leitores é feminino. Algo com grande margem de diferença (que meu cérebro cansado não se recorda de quanto, mas é bastante, pode acreditar). Acho que a pesquisa foi feita na Inglaterra, mas posso fazer um paralelo tupinambá usando a mim mesmo como modelo (de alguma coisa eu tinha que ser, ?).

Lancei meu primeiro livro, Necrópole - Histórias de Vampiros em outubro de 2005, após um período trabalhoso que visou angariar leitores e divulgar meu nome nos meios literários. Já neste primeiro lançamento eu e os outros autores da coleção conseguimos angariar uma quantidade razoável de admiradores (não ouso chamá-los de fãs ainda, apesar do caráter meio fanático de alguns). Fazendo uma pesquisa rápida no meu perfil no Orkut percebo que, entre estes admiradores, aproximadamente 80% são mulheres.

Claro que gosto de pensar que essas admiradoras em especial não estão vendo apenas minha obra literária, mas também minha beleza exterior e minhas madeixas esvoaçantes (Tá, exagerei...), mas sei que não é isso. Acho que a ficção REALMENTE pode ser considerada, até mesmo historicamente, "diversão de menininhas". Qualquer análise mais aprofundada que esta pode atestar isso. A literatura de entretenimento surgiu como válvula de escape às mulheres que permaneciam em casa, subservientes a maridos que frequentemente saíam de casa para guerras ou em viagens demoradas de negócios (também conhecidas como "putarias"). Não, não vou citar exemplos pois não sou estudioso do assunto e, como já disse, esta é apenas uma análise superficial. Mas pesquise por aí e comprove você mesmo. Nem que seja apenas para me contradizer. Gosto do debate e não tenho medo de sua sapiência recém adquirida!

Claro que isso não significa que nós, escritores, devamos escrever especificamente para o nicho feminino. Sou prova inconteste de que há homens que curtem literatura de ficção e entretenimento. E conheço vários outros assim. Mas também sei que a maioria dos homens prefere literatura informativa, técnica, prática, a ficar horas e horas atiçando a imaginação hum texto que, em tese, não informa absolutamente nada. Bicho bronco que somos. Os mesmos que transformaram os frondosos galhos de uma árvore em desagradáveis e pouco imaginativas clavas e lanças.

Outra coisa interessante que posso atestar é pelo conteúdo dos comentários no Psicopata Enrustido. Sempre que escrevo algo mais intimista, mais profundo, mais emotivo, os comentários são em sua maioria femininos. Já os textos mais lisérgicos, escrotos e, às vezes, desprovidos de algum sentido menos óbvio, são bombardeados por comentários masculinos. Ou seja, mesmo na minoria masculina que curte ficção há ainda uma sub-segmentação com respeito ao estilo e ao conteúdo em comparação às companheiras do sexo oposto.

O que isso tudo significa? Juro que não sei. Mas que vale uma reflexão a respeito, isso vale.

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