06 novembro 2006

O Grande Truque


Christopher Nolan parece ser um cara legal. Depois de mandar muito bem em Amnésia (Memento, 2000) e não tão bem em Insônia (Insomnia, 2002), ele trouxe de volta a dignidade do Cavaleiro das Trevas no bom Batman Begins (Idem, 2005). E é por isso que quando eu soube que ele se uniria novamente ao irmão (com quem trabalhou em Amnésia) para roteirizar O Grande Truque (The Prestige, 2006), aguardei ansioso pelo resultado. Quando a lista de elenco finalmente saiu, com Christian Bale (O Psicopata Americano), Hugh Jackman (o eterno Wolverine), Sir Michael Caine e a deliciosa Scarlett Johansson, eu sabia que seria com certeza um grande filme. Ainda mais sendo uma história sobre ilusionistas rivais na virada do século XIX para XX. Não tinha como dar errado.

E o que será que aconteceu?

Não que o filme seja particularmente ruim, mas realmente deixa muito a desejar. Tem grandes méritos, como a narrativa alinear e fotografia impecável, além das atuações excepcionais dos protagonistas, que nunca nos deixam confundi-los com os personagens que os deixaram famosos. A trama é instigante e cheia de reviravoltas. Até as participações de David Bowie (o eterno Ziggy Stardust) e Andy Serkis (o Gollum daquela trilogia) como o cientista croata Nikola Tesla e seu assistente são bem dosadas e interessantes.

O grande problema de O Grande Truque está no fato do diretor/co-roteirista se esquecer da essência do ilusionismo. Nolan esquece que, para enganar a platéia, o bom ilusionista deve desviar sua atenção para o plano geral, enquanto esconde subrepticamente os pormenores que acontecem nos bastidores. Mas estes detalhes estão pouco sutis e com isso a trama logo se torna óbvia. Duvido que alguém um pouco menos distraído não saque o filme logo no meio. E, como todo bom mágico sabe, quando a platéia descobre que tudo não passa de um truque com fumaças e espelhos, a ilusão perde toda a magia (sem trocadilhos). Foi o que aconteceu.

O filme não desmerece o valor do ingresso. É interessante, divertido e tal. Mas é um filme que tenta desesperadamente parecer mais do que realmente é. Talvez seja este o tal "grande truque" do título traduzido.

Infelizmente, este não me pegou.

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